Notícia

A cooperação em mundo fragmentado

Principais destaques do Fórum Econômico Mundial 

Com o tema “Cooperação em mundo fragmentado”, o Fórum Econômico Mundial (FEM) de 2023 reuniu empresários, líderes políticos e representantes sociais de vários países em Davos, na Suíça, para entender e discutir sobre os desafios e dinâmicas econômicas que afligem o mundo. O Brasil contou com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como porta-vozes do desenvolvimento em sinergia com a proteção ambiental e a transição ecológica, um discurso recorrente desde a campanha presidencial. Contudo, a maior expectativa do evento quanto ao cenário brasileiro era tratar a reconstrução democrática após os ataques aos Três Poderes. O saldo foi positivo, embora a declaração de Marina Silva sobre dados equivocados sobre a fome no Brasil tenha repercutido de maneira negativa.

Com relação a atuação de Haddad, o ministro conseguiu abrir diálogos importantes, destacando a participação do país em blocos econômicos, tais como Mercosul, G-20 e BRICS. Sinalizou que o ministério já tem um grupo de trabalho para apresentar os termos para uma eventual entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas que a decisão cabe ao presidente Lula. No cenário doméstico, Haddad sinalizou que a reforma tributária sobre renda pode ser votada neste ano e que a correção da tabela do imposto de renda também é um ponto central da agenda do governo Lula.

Em encontro com o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, o ministro defendeu a preservação dos direitos previdenciários para os prestadores de serviço do aplicativo, tema que sensibiliza o governo brasileiro, que disse se colocar à disposição para contribuir com o debate sobre regulação do trabalho. Outro tópico de grande relevância foi a instituição de parcerias internacionais em prol do desenvolvimento sustentável. Fernando Haddad debateu com líderes do Equador, da Colômbia, da Costa Rica e da República Dominicana o futuro da agenda econômica na América Latina, principalmente na produção de energia limpa.

Em paralelo, Marina Silva se encontrou, a portas fechadas, com John Kerry, ex-secretário de Estado americano do governo Obama e atual enviado especial dos Estados Unidos para o clima. A perspectiva é que o governo norte-americano apoie a preservação das florestas tropicais na parceria com o Brasil, a Indonésia e a República Democrática do Congo. Além disso, a ministra teve agenda com a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, detida há alguns dias durante protestos contra a expansão de uma mina de carvão na Alemanha. Greta e outras ativistas se movimentaram em Davos pressionando pela erradicação dos combustíveis fósseis, e estiveram com o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também esteve em Davos para apresentar os cenários político e econômico do RS com o intuito de viabilizar oportunidades ligadas ao setor energético no estado com incentivo ao hidrogênio verde. Ele também abordou questões como representatividade da minoria em cargos públicos e parcerias para a produção agrícola sustentável e aperfeiçoamento de técnicas de manejo de pastagens que neutralizem as emissões de carbono.
Tratando-se estritamente da economia, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a instituição irá manter a trajetória atual de aumentos das taxas de juros, uma vez que a inflação da zona do euro permanece “muito alta”. Apesar disso, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, acredita que, devido ao crescimento chinês, as perspectivas econômicas são melhores do que se previa há alguns meses, mas a Guerra na Ucrânia ainda gera grandes riscos. Inclusive o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, esteve no fórum de forma remota pedindo “celeridade” na tomada de decisões sobre a ajuda para seu país.

Dentre outros participantes, o grupo Milionários Patriotas, que integra mais de duzentas pessoas que estão entre as mais ricas do mundo, como a herdeira da Disney, Abigail Disney, e o empresário Nick Hanauer, um dos primeiros investidores da Amazon, argumentou, em uma carta aberta, a respeito de parcelas mais justas de impostos a classes ricas. Na prática, desejam tributá-los em contingentes maiores a fim de não tolerar a riqueza extrema. Não há brasileiros entre os signatários desta carta.

A pandemia de Covid-19 segue como assunto relevante dentro e fora do evento. O diretor-presidente da Pfizer, Albert Bourla, deu uma declaração no que se refere ao despreparo do mundo para a próxima crise global de saúde, pois os governos não fizeram mudanças para acelerar as respostas a um surto e, em alguns casos, adotaram medidas regulatórias que podem prejudicar o desenvolvimento e a inovação de medicamentos no futuro. Ele criticou aspectos da Lei de Redução da Inflação, do governo de Joe Biden, que tem uma medida destinada a reduzir os preços dos medicamentos, e mencionou os diversos trabalhos que a Pfizer tem feito para o combate ao coronavírus e a covid prolongada.

Pela primeira vez, o fórum contou com a presença de um clube de futebol, o Manchester United, que busca investimentos em meio a rumores de que a agremiação será vendida. De forma geral, assim como na COP-27, um tema central do evento foi a transição para uma economia descarbonizada e redução de desigualdades.

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