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Presidente Lula planeja estreitar laços comerciais com a China em viagem a Pequim

O número três parece reger as relações diplomáticas sino-brasileiras em 2023. EM outubro do ano passado, o presidente Luis Inácio Lula da Silva foi eleito para seu terceiro mandato, assim como seu colega chinês, Xi Jinping, que foi eleito no mesmo mês para o terceiro mandato como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China.

 Após um período de fragilidade entre os dois países, agravadas pela pandemia de Covid-19 e comentários xenófobos de lideranças brasileiras na gestão de Jair Bolsonaro, há a intenção de fortalecer a cooperação para criar um futuro melhor para as relações bilaterais. A agenda inicial tem quatro pontos principais e o presidente Lula planeja liderar uma comitiva à China até março, para avançar as negociações.

Para Helena Matos, especialistas em Relações Institucionais e Governamentais do Di Blasi, Parente & Associados: “O terceiro mandato do presidente Lula (PT) se inicia com possibilidades de aprimoramento na relação comercial sino-brasileira: como podemos transformar essa parceria em ferramenta estratégica ao crescimento nacional. Se em 2009, penúltimo ano do segundo mandato do petista, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos, agora o momento é de aperfeiçoamento”.

De fato, desde 2009, a China não saiu do topo da liderança de parceiros comerciais com o Brasil. Em 2021, nos escolheu como o maior destino de investimento direto chinês: foram US$ 5,9 bilhões, valor 208% superior ao de 2020, o que representa 13,6% de todo o capital investido pelo gigante asiático no mundo.   

 “A relação econômica sino-brasileira está dentre as mais relevantes na balança comercial internacional. O Brasil segue sendo um parceiro importante para a segurança alimentar e energética da China, mas no que toca a um plano nacional de desenvolvimento, há muito o que avançar”, analisou Helena.

 Na pauta da viagem presidencial a Pequim, que deve ser realizada até março, os principais assuntos envolvem: (1) promover ativamente os intercâmbios em vários campos, incluindo diplomacia, justiça e militar; (2) consolidar e expandir a cooperação econômica e comercial, especialmente a em inovação tecnológica e indústrias emergentes, como as economias digital e verde; (3) aprofundar a coordenação estratégica multilateral e melhorar a coordenação em questões como a mudança climática; e (4) fortalecer a atuação dos dois países nas plataformas de cooperação regional da América Latina e o Caribe, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CLAC), o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

“Hoje o pilar da balança comercial Brasil-China ainda é a exportação de petróleo, minério de ferro e soja. Em termos de estratégia de desenvolvimento, podemos ir além. A China tem potencial para ser parceira do Brasil rumo à uma economia diversificada que não se sustente apenas na exportação de commodities. Isso porque os chineses têm capacidade de investimento e o Brasil pode ser receptor desse fluxo, por exemplo, definindo cadeias industriais que gerem emprego e renda em solo brasileiro. Esse modelo de parceria viabilizaria não apenas o abastecimento do mercado interno doméstico como também o fortalecimento do Brasil enquanto exportador na América-Latina”, conclui Helena Matos, do DI Blasi, Parente & Associados.

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