A palavra lobby significa, em inglês, antesala, vestíbulo, saguão. Por extensão, o lugar onde ficavam as pessoas que procuravam influenciar as autoridades e/ou políticos e que acabou por designar a ação de profissionais que buscavam exercer pressões para que fossem aprovados projetos ou medidas em benefício daqueles que são por eles representados. (BORIN, 1988).
Tem sua etimologia de alguma forma datada ao século 15, relacionada a mercadores de bens asiáticos e europeus que traziam suas mercadorias para serem liberadas para o comercio na Inglaterra. Os donos das “Great Companies” contratavam comerciantes para levar as documentações necessárias aos membros do Parlamento para liberarem seus navios e, eventualmente, encontravam os Lordes em corredores de Westminister em uma ala privada para discutir leis que poderiam afetar o comércio internacional de bens importados – uma espécie de lobby no Parlamento[1]. Séculos depois, em 1869, já na ex-colonia britanica, o Presidente norte-americano Ulysses S Grant, ao encontrar legisladores e empresários no lobby do Hotel Willard, em Washington DC, em meio a charutos e alguns brandys, fez uso da palavra “lobista” se referindo a estes senhores que ai o esperavam para debater assuntos de interesses legais e comerciais[2].
No Brasil, a prática de lobby é extremante malvista, sendo comumente associada a práticas ilícitas de tráfico de influência e, muitas vezes, correlacionado com pagamentos financeiros indevidos entre entes públicos e privados. Este estigma da profissão do lobista – ou do profissional de relações governamentais e institucionais – data da década de 70 [3] . Durante a ditadura militar, o Congresso foi extremamente enfraquecido e o atendimento de demandas, assim como a formulação de políticas públicas, tornaram-se atribuição centralizada no Poder Executivo. É a partir desse contexto que surge a figura do “amigo do Rei”. Conhecer ministros influentes ou militares em cargos estratégicos era essencial para o sucesso do lobista (OLIVEIRA, 2005).
Décadas se passaram e comumente vemos a mídia traçando um paralelo entre lobby, corrupção e tráfico de influência. As manchetes políticas brasileiras dos últimos dois anos nos levam ao mesmo erro. Verdade é que o trabalho ao qual o lobby se pressupõe – uma série de atividades de representação técnica, com argumentação factual, oferecendo informações imparciais e que propiciem uma abertura de diálogo entre distintos atores e o setor legislativo – e as práticas criminosas de corrupção e tráfico de influência são distintas em sua essência. Antônimos. O lobista – e veja aqui que não deveria existir a alcunha o mau nem o bom lobista – mas o verdadeiro lobista – é aquele que busca, com fatos, explanar impactos. Informa para que a tomada de decisão legislativa seja holística em sua melhor hipótese e, caso mais restrita, ao menos, mais consciente.
As divulgadas práticas ilícitas de grandes corporações nacionais com representantes políticos vêm – em parte – explanar o atual momento eleitoral a qual estamos vivendo. Dados da ONU apontam que o Brasil perde cerca de R$ 200 bilhões com esquema de corrupção por ano . E este descontentamento se fez latente nestas eleições. Tivemos cerca de 50% de renovação na Câmara dos Deputados Federais – a maior renovação política em 20 anos [4] . Por mais que esta renovação seja em função de rotação em cargos, ressalta-se o fato de que diversas famílias tradicionais da política brasileira ficaram de fora – e que o novo Partido NOVO, conseguiu a façanha de eleger 8 deputados federais, 11 deputados estaduais, 1 deputado distrital e um governador no segundo turno com 43% dos votos validos.
E neste atual momento político que vivemos, que o escritório Di Blasi, Parente & Associados inaugura sua área de Relações Governamentais e Institucionais. Com serviços que vão além de mapeamentos e monitoramentos. Informações factuais que possibilitam nossos clientes a expandir os horizontes dos seus stakeholders, contribuindo para tomada de decisões assertivas.
* Raquel Araujo, Eestrategista de Relações Governamentais e Institucionais.
[1] Lobbying and Access: The Canons of Windsor and the Matter of the Poor Knights in the Parliament of 1485. History of Parliament. Hannes Kleineke. 2005
[2] NPR, NPR discussion of Ulysses Grant and origins of the term lobbyist. Retrieved November 19, 2008
[3] Lobbying and Access: The Canons of Windsor and the Matter of the Poor Knights in the Parliament of 1485. History of Parliament. Hannes Kleineke. 2005
[4] NPR, NPR discussion of Ulysses Grant and origins of the term lobbyist. Retrieved November 19, 2008