As eleições de meio mandato nos EUA
As eleições de midterm, como são chamadas as eleições que ocorrem no meio do mandato presidencial, estão ocorrendo nos Estados Unidos e estão trazendo muitas reflexões sobre o momento político que o mundo passa. Haverá renovação de toda a Câmara (ao todo são 435 vagas), 35 das 100 cadeiras do Senado, além de cargos de alto nível e governos estaduais. O pleito deste ano tem uma temperatura diferente, uma vez que o aumento do comparecimento dos eleitores americanos às urnas teve seu cerne atrelado a discussão sobre o aborto, após a Suprema Corte dar fim ao direito federal e inflamar a base democrata. Esse ponto é importante porque havia uma forte crença de que se teria uma ‘onda vermelha’ de vitórias republicanas, o que na prática não está acontecendo. O Partido Democrata deve perder o controle da Câmara, tendo a possibilidade de desmantelamento do comitê que investiga a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, mas ainda pode manter maioria no Senado.
De qualquer modo, o presidente Joe Biden terá muitas dificuldades para governar e emplacar seus projetos, especialmente a agenda ambiental e o controle de armas, nos próximos dois anos, pois o Partido Republicano tem uma força muito grande e o conservadorismo do “Make America Great Again” tem levado os estadunidenses a repensar, sobretudo, depois que a taxa de inflação anual chegou a 8%, a maior em quarenta anos. Além disso, líderes republicanos já têm sugerido abrir um inquérito sobre os negócios passados de Hunter Biden, filho do presidente, e a respeito da retirada dos soldados americanos do Afeganistão.
A frustração dos resultados dos republicanos até aqui vem de um discurso radical cansativo da ultradireita representado por Donald Trump. O ex-presidente, que é uma figura política de relevância nos EUA, não conseguiu endossar muitos dos seus nomes de peso. Por isso sua candidatura para 2024 foi afetada, sem contar que um novo personagem entrou na disputa: o governador da Flórida, Ron DeSantis, que teve uma vitória esmagadora sobre seu adversário democrata de 20 pontos percentuais. Trump vê a presença de DeSantis, que é seu afilhado político, como ameaçadora, mesmo que os dois sejam ideologicamente alinhados. Enquanto as eleições ocorrem no território americano, existem olhos atentos com relação ao protagonismo de Trump no radicalismo da direita e como isso pode refletir no Brasil.