Prezados senhores,
No início de 1987, eu tomei uma decisão que alguns poderiam rotular de louca e outros de corajosa.
O Brasil vivia um contexto de hiperinflação, moratória, fronteiras fechadas para importação, desigualdade tecnológica, crise política na segunda metade da década de 80, instabilidade financeira, falta de perspectiva de desenvolvimento e bem-estar social.
Era época do Plano Cruzado, que além de buscar uma estabilidade econômica, tentava resgatar a esperança e dignidade dos cidadãos que sofriam anos de hiperinflação crônica e desperdício de recursos públicos. Hoje, numa perspectiva histórica, foi o início do que ficou conhecido como “década perdida”.
Não para mim, não para nós. Eu e meu parceiro Paulo fundamos um escritório focado em propriedade intelectual. Numa conjuntura que punia a economia e inovação, nós iniciamos um sonho e não imaginávamos que chegasse a esse momento de realização. Um sonho motivado pelo meu pai Clesio Gabriel Di Blasi que foi diretor de patentes do INPI no fim da década de 70 e início de 80 e que inspirou minha própria formação profissional.
Eu combinei minha graduação em Engenharia Mecânica Industrial com meu curso de Direito e aprendi, na prática, a entender e proteger a tecnologia e a inovação. Sempre com o foco na matéria-prima deste processo – as pessoas. Naquela época não se falava tanto no social como hoje, mas sempre tivemos essa preocupação em ajudar de alguma forma as pessoas, especialmente as crianças, não somente no aspecto pessoal, mas no profissional também. Desta vontade de evoluir, construir e inovar, surgiu a parceria com o Instituto da Criança (IC) que, há quase três décadas, vem prestando auxílio jurídico em PI para diversos projetos sociais. Neste ano em que completamos 35 anos de uma parceria firme, consolidada no prestígio e reputação de nosso escritório, resolvemos dar mais destaque à nossa preocupação com o social e viabilizamos uma saudável competição, com votos de profissionais do DBPA, em que um projeto social receberia um prêmio em dinheiro.
O IC pesquisou dezenas de projetos e selecionou 16 para apresentar para mim, meu sócio, Paulo Parente, e para o diretor-executivo, Alexandre Prado. Nós escolhemos oito projetos que apresentaram um foco maior em empreendedorismo, inovação e tecnologia, que é nosso DNA. Após essa fase, a escolha final foi decidida pelo engajamento da equipe de colaboradores do Di Blasi, Parente & Associados. Eles votaram no projeto com que mais se identificaram, a partir dos valores defendidos pelo escritório: soluções inovadoras, cocriação, alta performance sustentável e bossa, que representa a leveza e criatividade do carioca.
O projeto vencedor foi do Instituto Incluir: Transformar, Democratizar e Humanizar. A ONG atua com projetos sociais para promover a inclusão e participação social da pessoa com deficiência por meio da educação, do esporte e da cultura. Através de parcerias com o setor público e privado, nacionais e internacionais, eles desenvolvem projetos com o objetivo de ampliar o acesso das pessoas com deficiência aos espaços sociais.
O projeto “Literatura Acessível” recebeu 25,37% dos votos e busca levar a temática PCD (pessoas com deficiência) e acessibilidade por meio de livros em multiformato, rodas de conversas e contação de histórias para crianças de escolas públicas. Este prêmio, além de representar o incentivo à inovação, que é o nosso propósito, de certa forma é também uma maneira de devolver à sociedade aquilo que recebemos ao longo desses 35 anos. Obrigado IC por esta parceria. E espero que esse prêmio de reconhecimento ao Instituto Incluir — como a mais inovadora eleita pelo DBPA — também possa contribuir com a inclusão social dessas crianças e adolescentes no esporte, na educação e na inovação.
Há 35 anos construímos o legado do escritório vivendo na prática nossos valores, e um deles é de cocriação. Foram muitas parcerias a partir desta vontade de contribuição e, além de fornecer serviços pro bono aos clientes com atividades sem fins lucrativos e auxílio jurídico na área de propriedade intelectual, nós também envolvemos nossa equipe em projetos de responsabilidade social, incentivando doações para diversas instituições e trabalho voluntário. Algumas das parcerias atuais são:
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que patrocina projetos em instituições do Rio e São Paulo, além de projetos educacionais e de desenvolvimento comunitário;
Criado em 1991, o GRAACC é uma instituição sem fins lucrativos com o objetivo de garantir que as crianças com câncer tenham direito a todas as chances de cura com qualidade de vida;
Entendendo que o primeiro passo para uma mudança efetiva é o conhecimento, o foco da ONG é sensibilizar o maior número de pessoas sobre o universo da deficiência e levar o assunto para o cotidiano de todos;
Grupo que realiza trabalho voluntário voltado à cidadania, solidariedade e divulgação de ações positivas no mundo;
Organização sem fins lucrativos que tem como meta proporcionar inclusão social para crianças de baixa renda com necessidades especiais através da doação de cadeiras de rodas sob medida;
Projeto social que promove educação ambiental para crianças de forma lúdica, com histórias em quadrinhos.
Eu fiquei muito emocionado durante a entrega do prêmio porque ele representa o incentivo à inovação, que é o propósito do escritório, além de reforçar nosso compromisso com a agenda ESG, que envolve agendas ambientais, sociais e modernas práticas de governança. Eu sinceramente espero que esse movimento inspire iniciativas semelhantes na sociedade. Decidimos fazer uma comemoração diferente, como uma forma de devolver isso à sociedade e inspirar outros escritórios e empresas a se conscientizarem sobre as práticas de ESG. E espero que esse prêmio de reconhecimento ao Instituto Incluir — como a mais inovadora eleita pelo DBPA — também possa contribuir com a inclusão social dessas crianças e adolescentes no esporte, na educação e na inovação.
Olhando para trás, renovo meu otimismo na certeza de que estamos no caminho certo para fomentar e contribuir com o desenvolvimento nos próximos 35 anos. Num mundo de greenwashing e fake news, nós praticamos o que pregamos, o walk the talk.
Proteger a inovação e inovar na proteção foi uma visão audaciosa e de longo prazo. Se quando começamos, em 1987, a conjuntura para investimento em tecnologia no Brasil era temerário e desafiador, atualmente o cenário melhorou. Dados recentes da Organização Mundial da Propriedade intelectual (OMPI) revelam que o Brasil subiu três posições no Índice Global de Inovação (IGI): passou da posição 57 (em 2021) para 54 (2022). Mesmo diante das dificuldades locais, o Brasil ocupa o 9º lugar entre as 36 economias de renda alto e média (upper-middle-income group) e o 2º lugar entre as 18 economias que formam a América Latina e Caribe, atrás apenas do Chile.
Há 35 anos eu e Paulo vimos o que quase ninguém via. Agora, agradeço a vocês, clientes, parceiros e colaboradores, que confiam na nossa visão e que enxergam o mesmo que nós: um país mais próspero, desenvolvido, sustentável, equilibrado socialmente e que acredita na inovação como a solução para os desafios da sociedade.
Atenciosamente,
Gabriel Di Blasi